Páginas

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ninguém em sã consciência desconhece a força do Setps

Em entrevista à página BAHIA TODO DIA o vereador Gilmar Santiago (PT) aborda sobre o tema de mobilidade urbana. Veja abaixo alguns trechos da entrevista:


"BAHIA TODO DIA – Vereador, recentemente o governo anunciou o metrô como o modal para a cidade. O Setps reagiu e apresentou sua proposta de construção do sistema BRT mais o metrô até Cajazeiras. Aí surgiram várias polêmicas, inclusive a de que a Câmara foi atropelada. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Gilmar Santiago – Salvador sofre forte influência dos segmentos dos transportes, limpeza e do mercado imobiliário. Isso é fato. Temos um PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) aprovado na Câmara em 2008 sob forte influência e lobbie do setor imobiliário, tem a limpeza urbana feita por quatro empresas, uma pública que não recolhe sequer 1% e não tem nenhum papel de regulação dessa atividade. Essas quatro empresas que falei recebem R$ 16 milhões/mês pelo serviço, mas a limpeza urbana é de péssima qualidade, isso todo dia aparece na imprensa. No caso dos transportes, o Setps, eles operam o sistema de transporte há mais de 15 anos, sem licitação e o poder deles é tão forte que a Câmara impediu, por maioria, a aprovação do projeto que exigia a licitação. O Ministério Público cobrou do prefeito João Henrique a licitação, mas nada consegue afastar o poder econômico deles sobre a representação política existente no Legislativo. 

BDT – Como é que se materializa esse poder do órgão na política?
Gilmar – Olha, é fato essa realidade, mas não posso fazer denúncia ou falar sobre algo que não posso provar. Além do mais, eles operam como concessão pública e não podem fazer “doações” ou coisas desse tipo, no entanto, ninguém em sã consciência desconhece a força extraordinária que o Setps tem. Interessante nessa discussão da mobilidade, que tem mais de dois anos, que eles envolveram a Academia (universidades), a mídia, levaram profissionais a Bogotá (onde opera um sistema BRT) tudo isso no forte lobbie para o BRT em Salvador. Interessante mais ainda que na demonstração de interesse do governo (chamada de PMI) o projeto apresentado pelo Setps difere do que foi anunciado agora, depois que o governador optou pelo metrô para a Paralela. Na PMI queriam explorar o sistema por 25 anos, renovável por mais 25, ofereciam uma cota de R$ 100 milhões em moeda podre, leia-se aqui uma dívida cobrada judicialmente da prefeitura por defasagem tarifária, dívida essa que seria de R$ 500 milhões e seria abatida gradualmente. Em minha opinião quem deve à cidade são eles que operam o sistema de transporte, com uma das tarifas mais caras do país. Acho, então, acintosa essa proposta feita de R$ 600 milhões para implantação do BRT na Paralela e, claro, a pressão sobre o poder Legislativo. No caso do debate na Câmara, fizemos muitos debates, eu inclusive fiz essa discussão na comissão de Planejamento Urbano, assim como aconteceu também na de Transportes. Portanto, não cabe agora dizer que a Câmara foi omissa, foi tratorada, não foi consultada. Isso não é verdade. 

BTD – O presidente Pedro Godinho alertou para o fato de que a Câmara poderia se manifestar juridicamente, caso entenda ter sido excluída da participação desse debate, da escolha do modal. Isso é possível?
Gilmar – Gostaria de dizer que tenho o maior respeito pelo vereador Godinho, meu companheiro no legislativo municipal, mas discordo desse ponto de vista. A decisão final cabe ao governo do Estado e ao prefeito, a escolha do metrô e vias alimentadoras por BRT atendem à região metropolitana, portanto essa legislação é da competência do governador. Não vejo como a Câmara de Salvador pode querer tomar para si essa prerrogativa. A ela cabe acompanhar a obra, fiscalizar tudo direitinho e zelar pelos interesses da população da cidade, para que as pessoas tenham um serviço de qualidade e de primeiro mundo. 

BTD - E a extensão do metrô para as Cajazeiras, região de enorme concentração habitacional e de queixas recorrentes no transporte, como fica essa situação?
Gilmar – Essa reivindicação é legítima, inclusive está previsto no projeto, acontece que não se pode fazer tudo de uma só vez, tem que arrumar os recursos, mas não tenho dúvida de que teremos o metrô até essa região. 

BTD – E a Copa, estaremos com tudo pronto até a junho de 2014?
Gilmar – Sou otimista e acredito que a Bahia cumpra o calendário da infraestrutura, a Arena da Fonte Nova estará concluída e isso é o que importa para a Copa, até o seu início nós estejamos com o metrô da Paralela funcionando e espero firmemente que o BRT também rodando nas vias alimentadoras. Espero que os empresários façam a parte deles."

Veja a entrevista completa

Volte ao blog e veja outras postagens interessantes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens populares